O LADO ESCURO DA LUA
PINK FLOYD. Dark side
of the moon. 1973.
Duas
características que prevaleceram na maioria das bandas rock dos anos 1970: os
discos conceituais e o virtuosismo. Pink Floyd detinha as duas.
Com Dark side of the moon, a banda inaugurava
o que se convencionou chamar de disco conceitual, onde “as faixas eram
concebidas como filmes sonoros”[1]. Ou seja, o disco era uma
obra completa, com começo, meio e fim, onde as faixas se encaixavam e se
sucediam como frames de um filme,
criando, dessa forma, uma narrativa e um ambiente próprios.
Gravado
no Abbey Road, estúdio mítico onde os
Beatles gravaram Sgt. Peppers...; Dark side... foi o oitavo disco do Pink
Floyd, já com David Gilmour substituindo Syd Barret, o “diamante louco”. Suas
músicas refletem as pressões do mundo moderno e as doenças da alma decorrentes
(ambição, avareza, paranóia). Em suas letras: “Carro novo, caviar, [...] Acho
que vou comprar um time de futebol” (Money);
“Você tranca a porta e esconde a chave, Há alguém em minha mente, mas não sou
eu; [...] Eu te verei no lado escuro da lua” (Brain damage); “Só Deus sabe que não há nada que possamos escolher
fazer” (Us and them).
A
produção do disco foi um espetáculo à parte. O barulho ensurdecedor dos
relógios em Time foi gravado em um
antiquário; e o tilintar de moedas em Money
foi montado à mão, cortando e colando as fitas, no compasso da faixa.[2]
A arte
da capa merece um enfoque especial, pois, talvez, o prisma presente seja a
imagem mais associada à banda em toda a sua história, sendo um marco na própria
iconografia do rock. Em Dark side...,
o prisma limpo representava a força conceitual das letras. As imagens das
pirâmides representavam a ambição, a megalomania e a ganância[3]. Temas presentes nas
canções do disco. Na capa, nenhum palavra escrita, com o objetivo de manter a
arte intacta e imaculada.
Uma
curiosidade sobre o disco, que ajuda a alimentar a aura de misticismo que o
recobre desde o seu lançamento, é que há uma sincronia perfeita entre a sua execução
e a exibição do filme O mágico de Oz
(1939). Quando Dorothy corre de casa, a música é Time, onde se ouve “ninguém te disse que era hora de começar a
corrida”; a cena do furacão dura exatamente o tempo de The great gig in the sky; o filme se torna colorido no exato
instante de Money; Brain damage inicia no momento em que o
Espantalho canta If I had a brain;e o
disco termina com batimentos cardíacos exatamente quando Dorothy encosta seu
ouvido no peito do Homem de Lata para tentar ouvir seu coração.
Dark side...
foi lançado em março de 1973 e permaneceu entre os discos mais vendidos nos
Estados Unidos por 741 semanas[4], totalizando mais de 50
milhões de cópias. Por ser original em seu conceito, trazendo uma nova forma de
criação e produção, além de estar repleto de faixas que nos levam a um outro
universo, Dark side of the moon é um
disco que você tem que ouvir antes de morrer.
Disponível no Youtube em
[2]
ALEXANDRE, Ricardo. A obra prima. Pink
Floyd. Os bastidores, as brigas, os personagens. São Paulo: Abril, 2004, p.
66.
[3]
BOLOGNESE, Ana Teresa at al. As 100
maiores capas de discos de todos os tempos. São Paulo: Abril, 2005, p. 50.
[4] ALEXANDRE,
Ricardo. Idem.
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