BYE BYE, BRASIL.
CAETANO Veloso. Caetano Veloso. Philips, 1971.
Em
dezembro de 1968, o governo militar lançou o Ato Institucional n. 5, dando
poderes excepcionais ao presidente da República, e limitando as liberdades
individuais.[1]
No mesmo mês Caetano Veloso e Gilberto Gil eram presos pelos militares, e
posteriormente seguiriam para o exílio, iriam se refugiar em Londres.[2]
Gilberto
Gil logo se enturmou com os músicos locais e com a comunidade jamaicana
residente na capital inglesa. Caetano Veloso ficava cada vez mais introspectivo
e soturno.
Não
fosse pela casa sempre cheia de amigos, brasileiros ou não, que iam ali
conversar e colocar Caetano em dia com o que se passava no Brasil, o nosso
baiano poderia ter tido um fim diferente.
Tudo
mudou quando Caetano foi procurado por um representante da indústria
fonográfica em Londres, em sua casa na rua Redesdale. Tratava-se de Ralph Mace,
que segundo Caetano, pediu que tocassem algo.
Para
surpresa de todos Mace adorou o que ouviu. Pediu que Caetano compusesse algumas
canções em inglês e demonstrou interesse em gravar tanto Caetano quanto
Gilberto Gil.[3]
Dessas reuniões surgiram as canções em inglês
que lançadas em 1971, em seu disco simplesmente intitulado Caetano Veloso. Estão presentes nas faixas, toda a tristeza e
melancolia que Caetano encontrou em seu exílio, além de flashes da situação
atual no Brasil e sua desesperança.
Pode-se observar, por exemplo, a narrativa de sua
prisão em In the hot sun of a christmas day : They are chasing me / [...] but they won’t find me / [...] I walk the streets / Everybody’s blind […]
(Eles
estão me perseguindo / Mas não vão me encontrar / Caminho pelas ruas / Estão
todos cegos). Ou sobre o seu exílio
em A
little more blue : One day I had to
leave my country […] / That day I couldn't even cry (Um dia
tive que abandonar meu país […] / Naquele dia não consegui sequer chorar).
Caetano Veloso
(1971) é o retrato amargo dos sentimentos exasperantes que o exílio deixou em
seu criador. Em 1972, Caetano lançaria Transa,
e retornaria para o seu país e sua gente.
[1]
SKIDMORE, T. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
[2]
MOTTA, Nelson. Noites tropicais. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
[3]
VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
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